Projeto Geração Empreendedora divulga selecionados em Blumenau
Foram divulgados nesta semana os selecionados para a próxima etapa do programa Geração...
Um estudo realizado pela consultoria McKinsey em 2019, em parceria com o evento Brazil at Silicon Valley, classificou o Brasil como um país de empreendedores ao constatar que 39% da população economicamente ativa (PEA) tem sua própria empresa. Segundo um relatório produzido pela MindMiners, 59% dos empreendedores brasileiros são homens e 41% são mulheres. Análises do Sebrae revelam que o país conta com 9,3 milhões de mulheres à frente de uma empresa, sendo que 45% delas são chefes de família, ou seja, têm a principal renda em seus lares.
Os dados também demonstram que, em comparação com os homens que empreendem, as mulheres possuem escolaridade 16% superior, porém, seus negócios faturam 22% menos. Estatísticas de 2018 apontam que os empreendedores brasileiros registraram rendimento mensal médio de R$ 2.344, ao passo que as empreendedoras faturaram, em média, R$ 1.831 por mês.
As estatísticas só confirmam o quão desafiador é, na prática, para as mulheres, empreender e buscar oportunidades mais equânimes. A empresária Adriane Meienberger, de 39 anos, fundadora da Virato Café e atual coordenadora do Núcleo da Mulher Empresária da Acib, conhece bem esses desafios. “A mulher precisa entender, aceitar e se sentir capaz de liderar a sua vida, pessoas e/ou equipes e de ter o seu próprio negócio e administrar sozinha se for necessário. Eu acredito que ‘sentir-se capaz’ seja um dos principais desafios para o surgimento de mais negócios liderados por mulheres. Porém, numa sociedade em que homens e mulheres têm direitos iguais, espera-se que todos assumam tarefas equivalentes, então a maior barreira é a desigualdade de gêneros. Outros pontos que considero relevantes são: a falta de autoconfiança, de autoestima e de incentivo”, aponta.
Ela própria diz que foi educada para “ser esposa e ter um bom emprego”. Mas, conseguiu superar crenças e limitações e construir seu próprio caminho. Natural de Lages, reside há seis anos em Blumenau. Em 2015 decidiu abrir a Virato Café, especializada na comercialização de máquinas de café, cafés e insumos para o preparo de bebidas quentes e geladas. “O meu lado empreendedor nasceu com a família. Cresci vendo meus pais, tios(as) e primos(as) administrarem seus negócios. Sempre tive vontade de fazer algo para melhorar, mas para que eu chegasse a ter minha própria empresa, foi necessário muito conhecimento e maturidade”, conta.
Falta de incentivo para mulheres
Anelore Tolardo, empresária que assumirá a coordenação do Núcleo da Mulher Empresária da Acib em maio, acredita que faltam incentivos para as mulheres da sua geração empreenderem. “As famílias até nos incentivavam ao estudo e ao trabalho para sermos empregadas, mas não para assumirmos um negócio sozinhas”, afirma. Ela conta que atuou durante 21 anos como funcionária, iniciando a carreira no RH de uma indústria têxtil de Blumenau, ainda muito jovem. No início da década de 90, com a crise dos têxteis, perdeu o emprego e foi contratada em uma desenvolvedora de software para RH. “Experienciei o outro lado: o da prestação de serviços e não mais de estar à frente do RH em uma empresa. Foi esta empresa e atividade que me estimulou a empreender na área de serviços! Com o conhecimento acumulado e com a minha formação, abri a Nova Era Consultoria e Treinamento em Recursos Humanos em 1997”.
No primeiro ano, Anelore enfrentou a crise de 1998, com a economia ruindo e altos índices de desemprego, mas conseguiu. manter a empresa e não desistiu. “Estamos há 24 anos com nossa atuação voltada para orientar o Departamento Pessoal, Folha de Pagamento e Legislação trabalhista, eSocial, com prática em uso de software para RH” .
Liderança feminina
Conforme o estudo “Women in The Boardroom ? Uma Perspectiva Global”, as mulheres estão presentes em somente 16,9% dos assentos de conselhos de grandes empresas no planeta ? número que cai para 8,6% no Brasil. “O percentual de mulheres que fazem parte de conselhos de empresas no Brasil é baixíssimo. As mulheres são pouco lembradas para esses cargos. Muitas sofrem limitações, tanto na vida pessoal como profissional”, considera a diretora da Acib para Assuntos da Indústria e presidente da Ártico Indústria de Refrigeração Ltda, Christiane Schildwachter Buerger.
Na opinião a empresária, o empreendedorismo feminino pode ser uma saída para a independência financeira da mulher. “Para isso, é necessário estimular as meninas desde jovens, mostrar a importância do estudo e incentivá-las”, afirma.
Futuro
A crescente participação das mulheres no empreendedorismo, porém, pode representar uma esperança de um futuro mais equilibrado quando se trata de igualdade de gêneros. O Núcleo da Mulher Empresaria da Acib vem acompanhando essa evolução há 24 anos, com o propósito de trocar experiências, identificar oportunidades e desafios comuns para buscar, conjuntamente, as soluções mais eficientes.”Observo que atualmente, o empreendedorismo feminino têm sido melhor divulgado e estimulado. Obviamente, existem situações e regiões ainda muito aquém do esperado em pleno século XXI, mas as condições são muito mais promissoras do que no passado, e cabe a nós estimularmos cada vez mais o empreendedorismo das mulheres”, observa Anelore Tolardo.
A mensagem deixada por Anelore para as mulheres é otimista: “Podemos fazer e alcançar ótimos resultados quando nos embrenhamos naquilo que realmente queremos. Você mulher, que quer empreender não tenha receio e nem desista do que você entende ser o melhor para você e para o seu negócio. Não se intimide com relatos negativos, se prepare para estar no comando, busque assessoria quando necessário, e acredite no seu sucesso sempre!”
Já Adriane Meienberger deixa uma mensagem direcionada a todas as mulheres, empreendedoras ou não: “Que toda mulher possa acreditar em si mesma, nos seus sonhos, no seu potencial. Todas podemos ir além do que imaginamos. Somos únicas, nossa capacidade é imensurável, possuímos vários dons e podemos alcançar tudo que quisermos. E se tivermos receio de estar sozinhas, tenho certeza, que sempre haverá outra mulher que irá nos apoiar nessa jornada em busca de nossos sonhos. Finalizo com uma frase da Mary Kay Ash, empresária americana e fundadora da Mary Kay Cosmética: ‘Não se limite. Muitas pessoas se limitam ao que eles acham que podem fazer. Você pode ir tão longe quanto sua mente permite. O que você acredita, lembre-se, você pode alcançar'”.